

A partir da década de 1980, uma quadrilha chefiada por Arlete Hilu foi responsável por um esquema que envolvia propinas a juizados de menores, cartórios, polícias federais e juízes, além de maternidades e profissionais de saúde. O que eles faziam: falsificavam documentos e roubavam bebês com a finalidade de vendê-los a casais estrangeiros interessados em adotar crianças. Isso tudo ocorreu em uma época anterior ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e de mecanismos de proteção à infância, mas acredita-se que mesmo assim esquemas parecidos continuem acontecendo no país.
Há inúmeros casos registrados sobre o tema, mas o mais emblemático de todos é o de crianças adotadas por casais de Israel. Estima-se que, entre 1980 e 1989, cerca de 3 mil crianças brasileiras teriam saído ilegalmente do país para serem adotadas por casais israelenses. A quadrilha de Arlete Hilu cobrava até 50 mil dólares dos casais. Ela foi condenada nos anos 1990, chegou a cumprir pena, mas hoje vive em liberdade. Mais recentemente, Arlete confessou os crimes.
Comecei a pesquisar o assunto entre 2012 e 2013 e publiquei algumas coisas a respeito. Em 2021, voltei à pesquisa, com a intenção de publicar um livro e colaborar com a produção de material documental e jornalístico a respeito.
Imagem: capa do filme Tráfico de Bebês (The Baby Sellers; 2013; dirigido por Nick Willing)