Agora existe um caminho oficial para a busca pela família biológica no Brasil

Ao longo dos últimos mais de 10 anos, tenho acompanhado a luta —quase sempre infrutífera— de pessoas com 30 a 40 anos que, nos anos 1980, foram adotadas ainda bebês de forma ilegal por pais estrangeiros. Estima-se que milhares de crianças brasileiras tenham sido tiradas dos pais biológicos e levadas para adoção em Israel e na Europa, principalmente. Agora há um mecanismo para ajudar nessa busca.
Reprodução/Record TV

O deboche da mulher que integrou uma quadrilha de tráfico de bebês

O nome desta sorridente senhora é Arlete Honorina Hilu. Ela foi localizada e entrevistada pela TV Record para o programa Repórter Investigação. Soube da entrevista por uma pessoa que conheci quando me envolvi na investigação do tráfico e adoção ilegal de bebês e crianças brasileiras por casais estrangeiros na década de 1980. Na entrevista, hoje aposentada e com 72 anos, Arlete confessa: "Pode me chamar de traficante de crianças. Fui traficante de crianças e essas crianças estão maravilhosamente bem”.
Arquivo pessoal

Uma história de adoção ilegal

A história de Chen Levy Gavillon é a história de pelo menos outras 3 mil crianças apenas em Israel: durante a década de 1980, esse foi o número de brasileirinhos adotados por pais israelenses, muito devido à facilidade que existia no Brasil para acelerar o processo. Como a novela “Salve Jorge”, da TV Globo, mostra, muitas dessas adoções são ilegais, e ocorrem por baixo dos olhos da Justiça ou mesmo com a colaboração de juízes, que emitem ou apressam a papelada.